sábado, 5 de março de 2011

Festival de Jazz de Garanhuns expõe vocação multicultural nos dias de Carnaval

   Garanhuns não é mais só do jazz no Carnaval. O Garanhuns Jazz Festival que, pelo quarto ano, é reduto dos foliões da música nascida e criada em New Orleans, abre para a multiculturalidade, termo que há tempos remete à folia da capital. Nos três dias do evento, de sábado a segunda, rockabilly, surf music, swing jazz, armorial, rock, armorial e soul vão estar no cardápio de shows da Praça Guadalajara, com acesso gratuito.

"Em todo o mundo, quando se fala em festival de jazz, a tendência é abrir para alguns estilos que silenciaram com a chegada dele. Também quis fazer um retorno às raízes e mostrar elementos que soferam influência do jazz", comenta o produtor Giovanni Papaléo, lembrando algumas dessas misturas de sons. "O jazz fusion da década de 70, por exemplo, sofreu influência do baião. Se você for observar o jazz dos anos 40, já se fazia fusão com música africana de raiz e latina. O rock veio do jazz", contextualiza.

Na escalação de ponta (é o festival com maior contingente de guitarristas de blues do Brasil e do exterior - dez), Papaléo destaca três momentos do que considera imperdíveis: a noite dos gaitistas com Big Joe Manfra, Fernando Noronha e Igor Prado ("o encontro dos três melhores guitarristas da nova geração"); o show do "melhor guitarrista que já vi em Chicago", Carlos Johnson; e a apresentação de Rick Estrin and the Nightcats, banda de surf music + rockabilly da Califórnia que estará pela primeira vez no Estado. No novo contexto, destaque para o Quinteto Violado e Jehovah da Gaita, que faz a noite dos gaitistas ao lado de Jefferson Gonçalves e Flávio Guimarães.

Papaléo acredita que a refrescada que dará ao encontro condiz com a proposta. "Não sou uma pessoa purista e acho que nada na vida pode ser rotulado. As músicas devem ser abertas. E a nossa é uma das melhores do mundo. A questão é que somos muito conservadores com nossa cultura. Se não fôssemos, ninguém nos segurava", diz o produtor, que só não afrouxa a rédea para o que chama de fuleragem music. "Quando se fala em festival de jazz significa dizer que é um festival de música de qualidade. É simplesmente resumir que ali não vai ter música apelativa. Não convidaria um cantor de brega, Reginaldo Rossi, por exemplo. A não ser que um dia ele toque blues", conceitua.

KIDS - No complexo cultural da Praça Guadalajara, as crianças serão apresentadas ao universo da música instrumental por meio do teatro. No projeto Jazz Kids, também haverá ensaios abertos de Robertinho Silva, importante baterista carioca, com um grupo de 20 crianças carentes de uma ONG de Garanhuns.

Sobre o público que frequentará o festival, Giovanni Papaléo é dos que pensam que quantidade não é qualidade. "Não quero um festival mega em relação a número de visitantes. Nem tenho a ilusão de que ele se tornará muito popular. Se fosse, perderia a conotação de um festival de jazz, que é uma coisa segmentada", explica. Assim como ano passado, 20 mil pessoas devem trocar o frevo da capital e do interior pelo som que vai ecoar no Agreste pernambucano.



PROGRAMAÇÃO:



Sábado, dia 5

20h - Grupo Afro Estrela (PE)

21h - Don Angelo Jazz Combo (PE) com Atiba Taylor (USA) e Arthur Philipi (PE)

22h - Quinteto Violado

23h - Andreas Kisser (SP - Membro do Sepultura) e Artur Menezes (CE) com UpTown Band



Domingo, dia 6

20h - Robertinho Silva(RJ) e Projeto Batuque de Garanhuns (PE)

21h - Sonoris Fabrica(PE)

22h - Guitar Night com: Big Joe Manfra(RJ), Igor Prado(SP), Fernando Noronha(RS), com participação de The Bluz(PE) e Widmarck Souza(PE)

23h - Carlos Johnson(USA)



Segunda-feira, dia 7

20h - Banda de Pifanos Folclore Verde (PE)

21h - Encontro dos Gaitistas, com: Jefferson Gonçalves (RJ), Flávio Guimarães (RJ), Jehovah da Gaita (PE), com participação da UpTown Band (PE)

22h - Rick Estrin and the Nightcats (USA)

23h - Irmandade do Blues (SP) e Andre Matos (SP)

Um comentário:

  1. Seria interessante rever esta data... muito mais interessante para a cidade se fosse em outra época...
    Carnaval é carnaval... Começam a misturar tudo e depois fala que o povo não preserva a cultura...
    Sepulturam o Carnaval de Garanhuns (Que já foi muito animado assim como fizeram com o São João...)
    Nada contra o Evento... mas com a época...
    Será que teremos que esperar mais 3 anos pra ver se entra alguem que valoriza a vontade do povo e faz um polo de animação aqui em Garanhuns e que não precisemos sair da cidade????
    Jazz e Blus é cultura americana e não nossa... Goste quem gostar...

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