O cérebro humano tem a capacidade de captar informações novas
durante o sono, concluiu uma pesquisa publicada na segunda-feira por
pesquisadores do instituto israelense Weizmann.
A pesquisa, realizada ao longo de três anos pela neurobióloga
Anat Arzi, examinou a correlação entre olfato e audição e a memória armazenada
no cérebro.
'Esta é a primeira vez que uma pesquisa científica consegue
demonstrar que o cérebro é capaz de aprender durante o sono', disse Arzi.
Segundo a cientista, estudos prévios já demonstraram a
capacidade de bebês aprenderem enquanto dormem, mas a pesquisa recém-divulgada
descobriu que o mesmo vale para adultos.
'Aprendizagem associativa'
O experimento, realizado por Arzi em colaboração com o
professor Noam Sobel, diretor do Laboratório do Olfato do instituto, examinou as
reações de 55 pessoas que foram expostas a sequências de sons e cheiros enquanto
dormiam.
As sequências, que incluiam um intervalo de 2,5 segundos entre
o som e o cheiro, expunham os participantes a odores agradáveis (de perfume ou
xampu) ou desagradáveis (de peixes podres ou outros animais em decomposição), de
forma sistemática e sempre antecedidos por sons que se repetiam.
'A vantagem de se utilizar o olfato é que os cheiros geralmente
não interrompem o sono, a não ser que sejam muito irritantes para as vias
respiratórias', explicou a cientista.
Durante o experimento os cientistas observaram sinais de que
os participantes adormecidos passaram por uma 'aprendizagem associativa'.
'Com o tempo, criou-se um condicionamento. Bastava que (os
participantes) ouvissem determinado som para que a respiração deles se alterasse
e se tornasse mais longa e profunda - em casos de associação com odores
agradáveis -, ou mais curta e superficial - em casos de sons ligados a cheiros
desagradáveis', afirmou Arzi.
A cientista também relatou que as mesmas reações ocorriam na
manhã seguinte, quando os participantes acordavam. Se fossem expostos a um som
associado com um odor agradável, respiravam longa e profundamente.
Informações gravadas
'O fato de que as informações ficaram gravadas no cérebro e
causaram reações fisiológicas idênticas, mesmo quando os participantes estavam
despertos, demonstra que eles passaram por uma aprendizagem associativa enquanto
dormiam', disse.
Pessoas com lesões no hipocampo - região do cérebro
relacionada à criação da memória - não registraram as informações, disse a
neurobióloga.
Para Arzi, a descoberta pode ser 'um primeiro passo no estudo
da capacidade do cérebro humano de obter uma aprendizagem mais complexa durante
o sono'.
No entanto, segundo a cientista, são necessárias mais
pesquisas para examinar as diferenças entre o funcionamento dos mecanismos
cerebrais de pessoas adormecidas e despertas.
Fonte - BBC
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