Foi anunciado o nome da mascote da Copa de 2014, que será
realizada no Brasil. Já havia sido decidido que seria um tatu-bola,
animal típico da fauna brasileira ameaçado de extinção. O bicho foi
batizado de Fuleco, que, segundo a FIFA, é uma junção
das palavras futebol e ecologia. A novidade deu o que falar: na
imprensa, nas rodas de amigos e nas redes sociais, não faltam críticas à
escolha do nome. A maioria delas é devido à semelhança do nome com a
palavra “fuleiro”, que, no português popular, significa algo de baixa
qualidade.
O objetivo da FIFA é chamar a atenção das gerações mais jovens para o
futebol. Por isso a preferência por personagens em desenho animado. A
recomendação da Federação é que a mascote represente algo típico do país
sede: um animal, uma planta, uma cor etc. O Blog do Curioso
reuniu todas as mascotes da história da Copa do Mundo neste post. Seis
das 13 mascotes já criadas são bichos: dois leões, um leopardo, um galo,
um cachorro e um tatu-bola.
1966: World Cup Willie (Inglaterra)
A mascote da Copa do Mundo foi inventada em 1966, quando o evento foi
sediado na Inglaterra. O país adotou a figura de um leão jogando
futebol para representá-lo, e fez o maior sucesso. Até uma música foi
composta para ele, pelo artista escocês Lonnie Donegan. O leão é um
símbolo típico do Reino Unido. Para reforçar o patriotismo, o bichinho
veste uma camisa com a bandeira do país. A Copa do Mundo foi um dos
primeiros eventos esportivos a adotar uma mascote. Para se ter uma ideia
do pioneirismo do torneio, as tradicionais mascotes olímpicas só
estrearam em 1972, nos Jogos de Munique. A adoção de uma mascote
permitiu à FIFA um ganho extra de 2 milhões de dólares em publicidade e
propaganda.
1970: Juanito Maravilla (México)
Contrariando o modelo inglês, em 1970 o México apresentou ao público a
primeira figura humana a ser uma mascote de Copa do Mundo. Juanito
Maravilla era um garotinho que vestia roupas com as cores do uniforme da
seleção mexicana e usava um chapéu (sombrero) típico do país.
Seu nome, diminutivo de Juan, é muito comum nos países de língua
espanhola. Por ter aparecido ao público na primeira Copa do Mundo
globalmente televisionada, Juanito fez ainda mais sucesso do que seu
antecessor Willie. A inocência infantil estampada no rosto do garoto
funcionou como um incentivador do fairplay: durante todo o torneio, nenhum jogador levou cartão vermelho na primeira Copa em que ele foi implementado.
1974: Tip & Tap (Alemanha Ocidental)
Na sua vez de sediar a Copa do Mundo, a Alemanha seguiu o modelo
mexicano de usar uma figura humana. Mas, dessa vez, foram escolhidas
duas mascotes: O Tip e o Tap são dois garotos felizes, que provavelmente
representam o fairplay entre as Alemanhas oriental e
ocidental, que, apesar de separadas, participam juntas da competição
esportiva. A camisa de um deles estampa a sigla WM, iniciais de Copa do
Mundo em alemão; a do outro, o número 74, ano em que foi realizada a
competição. A dupla passa a mensagem de união e amizade, repetida 32
anos depois na pele da mascote Goleo e sua amiga Pille, quando a Copa
voltou a ser disputada na Alemanha.
1978: Gauchito (Argentina)
Na Copa da Argentina, a mascote escolhida também foi um garotinho. O
nome é uma abreviação do termo “gaucho”, usado para designar o homem do
campo nos países latino-americanos de língua espanhola. Não é
coincidência: foi essa denominação que deu origem aos gaúchos
brasileiros – todas as pessoas nascidas no Rio Grande do Sul. Assim como
os nossos, os gauchos argentinos usam um chapéu
característico, carregam um facão e exibem um lenço amarrado ao pescoço.
A mascote foi bem aceita pelas crianças argentinas, mas virou alvo de
críticas da população adulta, devido à semelhança à mascote mexicana de
1970 (ambos usam chapéus característicos de seus países e pisam em uma
bola de futebol). O Gauchito logo ganhou um apelido pejorativo:
“Playmobil dos Pampas”.
1982: Naranjito (Espanha)
A Espanha inovou na escolha de sua mascote. Foi a primeira vez que
uma comida – a laranja – foi escolhida para representar o evento. A
fruta típica do país usa um uniforme da seleção. O nome é o diminutivo
masculino de “naranja”, a palavra espanhola para laranja. Assim como as
anteriores mascotes mexicana e argentina, Naranjito carrega uma bola de
futebol. A carismática frutinha acabou se tornando uma das mais
populares mascotes das Copas do Mundo. Ganhou até o próprio programa de
TV, transmitido na Espanha em rede nacional. “Fútbol en Acción” contava
com a participação de outros dois personagens animados.
1986: Pique (México)
Na Copa do Mundo seguinte, o México seguiu a onda da Espanha,
desvinculando-se totalmente de sua primeira mascote, Juanito. Colocou
uma comida típica – a pimenta chili jalapeño – para
representar o país. Pique veste um uniforme vermelho e branco, que,
junto a seu corpo verde, contribui para formar as cores da bandeira do
México. Para complementar o look mexicano, a pimenta usa bigode e veste um sombrero. O nome vem da palavra “picante”, que em espanhol tem o mesmo significado do português.
1990: Ciao (Itália)
A mascote escolhida para representar a Itália, na Copa de 1990,
quebrou o padrão “fofinho” usado desde o início da tradição. A figura
ficou mais modernosa que suas antecessoras, parecendo um boneco feito de
Lego, cuja cabeça era uma bola de futebol, pintado com as três cores da
bandeira italiana. O nome Ciao é a palavra italiana usada para dar “oi”
e “tchau”. Por seu design simples e marcante, trata-se de uma das
mascotes mais icônicas das Copas do Mundo.
1994: Striker (Estados Unidos)
Os Estados Unidos escolheram uma mascote que não abriu margem para
polêmicas: um cãozinho sorridente. O animal, que veste roupas com as
cores da bandeira norte-americana, foi escolhido por ser o bicho de
estimação mais comum no país. O objetivo era atrair um público maior ao
esporte, que não é tão popular no país. Não deu certo: o cachorrinho
pouco icônico não chamou a atenção da criançada, deixando os souvenires
da Copa do Mundo encalhados nas prateleiras. Striker foi desenhado pelos
estúdios Warner Brothers.
1998: Footix (França)
A França escolheu um galo, um de seus mais marcantes símbolos
nacionais, para representar a Copa que sediou. Seu corpo é
predominantemente azul, cor do uniforme francês. O nome é criativo: uma
mistura de “football” com “Asterix”, o mais famoso personagem de desenho
animado francês. O personagem foi o vencedor de um concurso promovido
pela Federação Francesa de Futebol.
2002: Kaz, Ato e Nik (Coreia do Sul e Japão)
A Copa de 2002 foi a única da história cuja sede foi dividida entre
dois países. Os organizadores inovaram também na mascote: pela primeira
vez, foram usados três personagens. As criaturinhas futurísticas
representaram a competição, realizada nos maiores polos tecnológicos do
mundo, mas não foram bem aceitas pelo público. Isso devido à falta de
identidade das mascotes, que não usavam nenhum assessório que as
remetessem ao seu país de origem. Os nomes foram escolhidos por meio de
uma votação pela internet, método que se repetiu em 2012, na escolha da
mascote brasileira para o torneio de 2014.
2006: Goleo VI (Alemanha)
Depois do futurístico trio oriental de 2012, a Alemanha voltou às
origens ao escolher uma mascote pra lá de tradicional. Assim como os
ingleses fizeram em 1966, os alemães, 40 anos depois, elegeram um leão
para representar seu país. A diferença é que a mascote alemã é um bicho
de pelúcia, não um desenho animado. O nome Goleo vem da junção de “gol”
com “leo”, latim para leão. Goleo era acompanhado por uma bola
falante, apelidada de “Pille”, palavra coloquial para “bola de futebol”
em alemão. O fato de o leão não usar calças desagradou à parcela
conservadora da população alemã. Mas, apesar da polêmica, Goleo foi
eleito a mascote preferida da história das Copas pelos usuários do site
oficial da FIFA.
2010: Zakumi (África do Sul)
A mascote da primeira Copa do Mundo realizada em um país africano foi
um leopardo. O personagem tingiu os pelos de verde para se camuflar
melhor no campo de futebol. Zakumi nasceu em 16 de junho de 1994, data
em que a África do Sul se tornou uma república democrática.
Simbolicamente, Zakumi representa a ainda adolescente democracia
sul-africana, cheia de energia, mas que ainda tem muito a amadurecer. O
nome também não é aleatório: ZA é a sigla oficial para África do Sul e
KUMI é a palavra que designa o número 10 (ano em que o evento foi
realizado) na maioria das línguas locais do país. O lucro obtido com
estratégias de merchandising utilizando-se a mascote chegou aos 3
bilhões de dólares. A quantia é 1.500 vezes maior do que a arrecadada 44
anos antes, quando foi adotada a primeira mascote de Copa de Mundo.
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