Incentivada por ações de planejamento que concentram a fiscalização
em grandes empresas, a Receita Federal bateu recorde nas autuações em
2013. Segundo dados divulgados há pouco pelo órgão, as autuações somaram
R$ 190,2 bilhões no ano passado, crescimento de 63,5% em relação aos R$
116,3 bilhões registrados em 2012.
De acordo com o Fisco, o valor foi resultado de 20,4 mil
procedimentos de auditorias externas e de 308,6 mil revisões de
declarações de pessoas físicas, jurídicas e de proprietários rurais nas
quais foram identificadas irregularidades. O número de auditorias
externas subiu 13,5%, e o total de declarações revisadas aumentou 9,5%
no ano passado.
Para o coordenador-geral de Fiscalização da Receita, Iágaro Jung
Martins, a concentração da fiscalização de grandes contribuintes, em
vigor desde 2010, foi o principal fator que contribuiu para o aumento
nas autuações. “O grande responsável foi a qualidade da seleção dos
contribuintes a serem fiscalizados antes de iniciarmos a auditoria. Isso
resulta numa fiscalização mais efetiva e num volume maior de
autuações”, disse.
O maior volume de autuações no ano passado concentrou-se na
indústria, cujo crédito tributário atingiu R$ 74,4 bilhões. O maior
crescimento, no entanto, foi registrado entre os bancos, cujas autuações
somaram R$ 42,1 bilhões, com alta de 167,5% em relação ao valor
registrado em 2012. A mudança na estratégia do Fisco, ressaltou Martins,
resultou no índice de 91,14% de fiscalizações encerradas com resultado
em 2013, contra 89,53% em 2012.
Segundo o coordenador, atualmente, a Receita tem uma equipe de 600
auditores fiscais especializados em identificar irregularidades
tributárias monitorando bancos de dados de grandes contribuintes.
Somente então, os casos suspeitos são escolhidos para ser investigados.
“Não vale a pena sonegar e descumprir a norma. Temos condições de
descobrir e autuar o contribuinte”.
Dos R$ 190,2 bilhões registrados nas autuações, o Fisco conseguiu
reaver R$ 30,7 bilhões para os cofres públicos em 2013. O valor, no
entanto, foi influenciado pelos parcelamentos especiais para bancos,
seguradoras, multinacionais, criados no ano passado, e pela reabertura
do Refis da Crise, responsáveis pela arrecadação de R$ 21,8 bilhões.
O valor restante, R$ 8,9 bilhões, foi obtido efetivamente pelas
auditorias e revisões de declarações. Mesmo assim, a arrecadação
representa uma alta expressiva em relação a 2012, quando as autuações
tinham resultado na arrecadação de cerca de R$ 4,6 bilhões.
O coordenador-geral de Fiscalização da Receita disse que o prazo
médio de recuperação do valor autuado corresponde a quatro anos, quando o
contribuinte apenas contesta a dívida na esfera administrativa. O
intervalo, ressaltou Martins, aumenta ainda mais quando o contribuinte
recorre à Justiça. “O modelo de cobrança tributária no Brasil prevê duas
esferas de análise, administrativa e judicial. Em outros países não é
assim. A recuperação é mais rápida”, criticou.
Apesar do recorde em 2013, a Receita não espera repetir este ano o
recorde de autuações. Atualmente, 17,2 mil contribuintes estão sendo
investigados – 2,1 mil grandes empresas, 8,4 mil médias e pequenas
empresas e 6,6 mil pessoas físicas. Desse total, o Fisco espera autuar
cerca de R$ 140 bilhões.De acordo com Martins, a queda ocorrerá porque
uma grande operação no fim de 2012 influenciou o valor das autuações no
ano passado, fato que não se repetirá neste ano.
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