O número de pessoas que já sofreram ou conhecem alguém que
tenha sido vitima de crime digital passou de 12,7%, no ano passado, para
17,9% este ano, revela a quinta edição da pesquisa O Comportamento dos
Usuários na Internet, feita pela Federação do Comércio de Bens, Serviços
e Turismo no Estado de São Paulo (FecomercioSP).
Segundo a pesquisa, apresentada hoje (12), os homens continuam sendo
os mais atingidos, com 20,6% dizendo já ter sido vítima, contra 15,2%
das mulheres. Feita em maio, a pesquisa fez 33 perguntas a 1.000 pessoas
na capital paulista.
Mesmo com os riscos frequentemente apontados para operações na
internet, a pesquisa mostra que, no ano passado, 79,8% dos usuários
usavam alguma ferramenta de prevenção e que, neste ano, o número caiu
para 65,4%. Entre os entrevistados, 66,6% disseram conhecer a nova lei
de crimes cibernéticos e 16,3% acreditam que ela será suficiente.
Perguntados sobre conteúdos ilegalmente espalhados pela rede, 65,9%
disseram que o material irregular deve ser removido imediatamente, a
pedido da vítima, e 34,1% responderam que isso deve ser feito por ordem
judicial.
De acordo com a pesquisa, 49,8% dos usuários acreditam que as
empresas usam seus dados pessoais ou os compartilham com outras empresas
sem autorização e 72,3% não confiam na forma como essas informações são
armazenadas. Mesmo assim, 87,8% disseram que os
sites deveriam
armazenar os dados para o caso de serem necessárias futuras
investigações de crimes eletrônicos. Quando questionados sobre compras
na internet, 55,9% confirmaram que fazem. Entre os que não fazem, o
principal fator que interfere é o receio de fraudes (32,9%).
Uma das questões novas abordadas pela pesquisa mostrou que 48,7% dos
internautas usam seus dispositivos pessoais no ambiente de trabalho,
sendo que 29,7% levam dados ou informações da empresa em seus aparelhos.
A maioria (86,4%) disse ter medo de fraudes ou ataque de
hackers
(especialistas em informática capazes de modificar programas e redes de
computadores) Mesmo assim, 59,7% dos entrevistados costumam baixar
aplicativos nos seus dispositivos.
Segundo a economista Kelly Carvalho, da Fecomercio, o crescimento do
número de pessoas que sofreram algum tipo de crime eletrônico preocupa,
porque o tema está em evidência com a discussão sobre inovações nas
formas de ataque e de ferramentas para evitar as fraudes. “Até se
tornarem vítimas, as pessoas pensam que estão protegidas e deixam de
tomar alguns cuidados e usar ferramentas de proteção. Publicar fotos e
divulgar dados pessoais, nome completo, nome da empresa onde trabalha
nas redes sociais, por exemplo, é muito perigoso, assim como senhas de
fácil acesso, fazer
check-in no local onde estão.”
Kelly explicou que, apesar de todas as recomendações, as pessoas têm
se descuidado da segurança na internet justamente por não ter sofrido
nenhum tipo de crime. “Por isso, as pessoas esquecem de atualizar seu
navegador, o antivírus. Até que ela faz uma compra pela internet e tem
seu cartão clonado, ou seu dinheiro desviado no meio dessas transações. É
preciso estar atento porque os
hackers estão 24 horas procurando formas de cometer crimes”, alertou.
A economista chamou a atenção para o expressivo número de pessoas que caem no golpe dos
e-mails com
links maliciosos.
Para ela, apesar de o truque ser antigo, ainda há pessoas que acreditam
e, mesmo com os frequentes avisos, acabam clicando nos
links suspeitos ou deixando dados armazenados em
sites.
“Por isso, a prática desse crime vem crescendo – pela falta de atenção
das pessoas, pela falta de conhecimento de que aquilo, de fato, é um
crime", disse Kelly, ao lembrar que existem também os que atualizam as
ferramentas de prevenção, mas se esquecem de que é preciso ter atitudes
seguras.