Quando Junia Gòmez deu um cheque em branco e assinado para uma amiga, imaginou que estava apenas fazendo um favor. Mas acabou perdendo quase R$ 600 – e a “amiga”.
“Na hora, realmente, não vi maldade nenhuma. Eu juro, confesso que nem sequer passou pela minha cabeça que ia ter um transtorno”, enfatiza a coordenadora de uma empresa de comunicação. “Era minha amiga pessoal e profissional, e uma pessoa que eu confiava. Frequentava minha casa”, diz.
Junia conta que a amiga pediu o cheque para ir ao salão de beleza, pois estava “muito deprimida, para baixo, e queria muito fazer o cabelo”. A princípio, disse que era um valor de R$ 200. “Mas quando fui preencher o cheque, ela disse que não tinha certeza se eram R$ 200 ou R$ 220. Então, pediu para deixar o cheque em branco”, recorda.
“Na verdade, ela garantiu que o cheque nem seria descontado, pois seria pré-datado e ela levaria o dinheiro ao salão antes da data. Caso acontecesse alguma coisa, como o cheque ser descontado antes do prazo, ela disse que me pagaria”, conta Junia.
Dias depois, a má notícia: o cheque havia sido descontado em um valor de quase R$ 600. A amiga que tinha pedido o cheque disse que o salão foi roubado, e por isso não teria como devolvê-lo. “Mas, quando fui ver, o cheque foi descontado pelo salão”, destaca. “Sobre o valor três vezes maior, ela nem sequer comentou”, complementa.
‘Ela foge de mim’
A partir do acontecido, a amiga com que Junia tinha contato “quase diário”, começou a ficar “difícil de achar”. “Eu, na verdade, fui muito burra, porque não era uma amiga de infância. Depois, vi que ela frequentava muito a minha casa, e eu nunca fui à casa dela”, lamenta-se.
Para entrar em contato e buscar o paradeiro do cheque perdido, Junia usou o número de celular que a ex-amiga postou no próprio Facebook (rede social na internet) para outra pessoa.
“Liguei e ela disse que nem se lembrava de mim, que não sabia nem quem eu era. Mas fui relatando os fatos e ela acabou se lembrando, rapidinho”, conta Junia.
Mais tarde, a amiga a bloqueou no Facebook. “Minha mãe, marido, amigos e irmão já ligaram para ela, que já trocou o número do telefone várias vezes. Lógico que não é mais minha amiga. Ela foge de mim que nem o capeta foge da cruz”, acrescenta. A jornalista diz que ainda pretende processar a ex-amiga. “Vai que meu cheque cai nas mãos de criminosos”, teme ela.
“Pior do que o calote foi a vergonha por ter sido ingênua. Dinheiro, cheque, cartão: nunca mais empresto nada para ninguém”, afirma Junia. “Depois dessa vez, nem tirei mais talão. Fiquei tão traumatizada, que pedi até para o banco parar de emitir”.
Nome sujo
Caso parecido foi o do publicitário Anderson Salgueiro, que se enrolou em dívidas e ficou com o nome sujo depois de também ajudar um amigo emprestando folhas de cheque.
Há dez anos ele preencheu, assinou e entregou 24 cheques de R$ 150 ao amigo, que comprou um computador para ajudá-lo nos estudos. “Dava uns R$ 3,6 mil, que era o suficiente para ele comprar um bom computador, monitor, impressora. Só não dei o móvel”, conta Salgueiro. “Ele só pagou os três primeiros cheques, e parou”.
“A gente tinha 18, 19 anos de idade. E ele era meu vizinho, amigo já há sete anos, quase um irmão. Era uma amizade bem forte: ele contava comigo e eu, com ele”, lembra Salgueiro.
Salgueiro conta que o hoje ex-amigo queria passar em um concurso público e por isso pediu ajuda financeira para comprar o computador. O publicitário diz que, em momento algum, achou que pudesse ser enganado. “Não pensei nisso, mas sim em ajudar um amigo que estava precisando estudar. Ele era muito estudioso, eu via isso nele”, recorda.
O ex-amigo garantiu que não iria deixar Salgueiro na mão em hipótese alguma. “Eu avisei a ele: ‘Cara, não tenho como cobrir esses cheques!’ Ele respondeu: ‘Eu passo fome, mas cubro’”, conta o publicitário que, na época, trabalhava como suporte de informática em uma empresa.
“Ganhava um salário de R$ 700, mas tinha que pagar minhas contas e ainda ajudava em casa”, recorda Salgueiro, que não conseguiu cobrir a dívida e acabou ficando com o nome sujo no Banco Central e nos serviços de proteção ao crédito.
“Ganhava um salário de R$ 700, mas tinha que pagar minhas contas e ainda ajudava em casa”, recorda Salgueiro, que não conseguiu cobrir a dívida e acabou ficando com o nome sujo no Banco Central e nos serviços de proteção ao crédito.
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