Diante da tragédia que aconteceu no Rio de Janeiro, nessa quinta-feira (7), vêm à tona questionamentos sobre a falta de segurança nas instituições de ensino do País. Doze pessoas foram mortas e outras 12 ficaram feridas em um massacre provocado por um ex-aluno que entrou armado na escola. Para observar os riscos a que os estudantes estão expostos, a reportagem do NE10 tentou entrar em cinco instituições de ensino do Estado sem pedir autorização ou se identificar. E conseguiu.
Na manhã desta sexta-feira, a repórter visitou algumas escolas do Recife. Chegou sem crachá ou qualquer indicativo de que era da imprensa. O carro do jornal que a levou aos locais parou, estrategicamente, distante para que ninguém soubesse de que se tratava de uma reportagem. Seja durante o horário de aulas ou intervalo, a movimentação nos portões não fazia distinção de quem entrava nas escolas.
Em três delas, duas no Centro do Recife e uma na Madalena, Zona Oeste, havia porteiros. No entanto nenhum deles chegou a abordar a repórter, sequer para perguntar quem era ou o que iria fazer ali. Nas outras duas, ambas em Casa Amarela, Zona Norte, os portões abertos permitem a entrada de qualquer pessoa. Pais, alunos e professores se sentem vulneráveis nesses locais. "Já vi alunos sendo assaltados e não pude fazer nada", conta a dona de casa Maria do Socorro da Silva, 49 anos, cuja filha estuda na Escola Valdemar de Oliveira, no Complexo IEP, área central do Recife. Na escola, o clima de insegurança obrigou a direção a fechar o portão com cadeado. Mas não há um funcionário específico para executar tal função.
Na escola Sylvio Rabelo, também no Complexo IEP, a repórter vestiu a camisa da instituição - emprestada por uma aluna -, passou pela portaria e chegou a uma sala de aula sem ser abordada. Um professsor, que estava dando aula, contou que se sente inseguro, apesar de não ter presenciado nenhum incidente. "A gente fica muito exposto. Dizem que existe a ronda escolar, mas eu nunca vi", denuncia o docente, que preferiu não ser identificado.
Segundo os estudantes, já houve ocorrências de assaltos no pátio da escola e tráfico de drogas. "Estamos nos juntando para falar com a direção para que seja colocado, ao menos, um detector de metais na entrada", diz a estudante Sandra Rodrigues, 40, da escola Sylvio Rabelo.
Localizada no bairro da Madalena, a Escola Joaquim Távora possui câmeras de segurança. Entretanto nem o equipamento nem o porteiro foram suficientes para impedir a entrada da repórter, que percorreu todo o pátio, minutos antes do intervalo. Segundo os alunos, não é comum entrar pessoas desconhecidas. "Basta estar com a farda que ninguém vai pedir para você se identificar", conta o aluno Igor Vinicius Barbosa, 14.
Em Casa Amarela, duas escolas estaduais vizinhas - Ageu Magalhães e Dom Bosco - contam com policiamento somente à tarde. Os portões ficam abertos. No intervalo, a maior preocupação é não permitirem que os alunos saiam. Apesar disso, a repórter entrou na Escola Dom Bosco e chegou a presenciar uma briga entre adolescentes, que se agrediram no chão até que os colegas se juntaram para separá-los.
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