Perto de se beneficiar de uma mudança na legislação que
permitirá maior variedade de ingredientes na fabricação da cerveja, os
produtores artesanais da bebida agora têm pela frente o desafio de
pleitear uma tributação mais suave e adequada ao perfil de pequenos
empresários. Por produzir bebida alcoólica, não são contemplados pelo
Simples Nacional, regime diferenciado para micro e pequenas empresas.
Portanto, arcam com o mesmo volume de impostos aplicados às grandes
fabricantes do setor. Os cervejeiros dialogam com o Congresso Nacional
por uma legislação que solucione o problema. Até o momento, os avanços
são poucos.
“A batalha é para que a gente seja tratado de acordo com o nosso
tamanho. São de 240 a 250 produtores de cerveja instalados no Brasil. As
dez maiores empresas dominam em torno de 99% do volume total produzido.
O restante dos fabricantes não representa 1% da bebida fabricada”,
informa André Junqueira, presidente da Associação das Microcervejarias
do Paraná (Procerva-PR) e dono da Cervejaria Morada Cia. Etílica.
Segundo ele, a carga tributária para o setor atinge 60% do valor do
produto.
O fato de os produtores artesanais trabalharem com matérias-primas
mais caras, aumenta o custo dos microcervejeiros e não permite colocar a
bebida a um preço atraente no mercado. “O litro dentro da fábrica de
cerveja industrial custa R$ 0,30 a R$ 0,40. Nas nossas, R$ 2 a R$ 3 por
causa da matéria-prima. Na hora de vender, a cerveja artesanal custa
cinco a dez vezes mais que as variedades tradicionais. Em outros países,
essa diferença não ultrapassa 30% a 50%”, destaca.
Para Marco Aurélio de Faria Pereira Júnior, presidente da Associação
dos Cervejeiros Artesanais do Distrito Federal (Acerva Candanga) e que
se prepara para lançar a marca Máfia Beer, os gastos impedem que o
mercado de sabores diferenciados se fortaleça “Hoje, para pagar o custo
de produzir 60 mil litros por ano, uma microcervejaria leva em torno de
cinco anos. Quem monta é porque é apaixonado pelo assunto”, opina.
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